Entidades apresentam metas e falam das dificuldades para atuação em defesa da saúde do trabalhador em SC

Florianópolis - Representantes de entidades públicas e privadas que compõe o Fórum Saúde e Segurança do Trabalhador no Estado de Santa Catarina passaram a quinta-feira (07/04), reunidos na sede do Ministério Público do Trabalho, em Florianópolis, apresentando suas propostas de ações, principais problemas e as estruturas que dispõem para, a partir dessas discussões, traçar as metas de atuação do FSST/SC em 2016.

Abriu os debates o Superintendente do INSS, Amarildo de Lemos Garcia, que fez um resumo das atividades desenvolvidas pela Instituição. Esclareceu que a maior dificuldade está no atendimento aos usuários que enfrentam filas em diversos setores e da greve dos peritos que acumulou ainda mais a liberação de concessão de benefícios aos trabalhadores doentes. Para o Superintendente o Decreto nº 8.691 de 14/03/2016 que possibilita a concessão de benefícios através de convênio com o SUS vai agilizar a liberação dos laudos e dos recursos previdenciários para os trabalhadores doentes. “Dependemos agora da emissão de ato administrativo do INSS e de Portaria Conjunta entre o Ministério da Saúde (MS) e o Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS) para o decreto sair do papel”, ponderou.

Em nome da Regional da Superintendência do MTPS em Santa Catarina, Cristine Sodré Fortes expôs a falta de estrutura como fator agravante para a atuação do órgão no estado. De acordo com ela, faltam veículos, o sistema eletrônico para procedimentos online é falho, não há valorização dos profissionais que, inclusive ficaram quase seis meses em greve, e existem apenas 20 fiscais para realizarem as diligências em todo o Estado de Santa Catarina. Para Cristine só mesmo com parcerias será pos-sível projetar alguma ação.

O novo gestor do Programa Trabalho Seguro (PTS) em Santa Catarina, Desembargador do TRT-SC Roberto Luiz Guglielmetto, apresentou ao FSST o plano de ação que pretende implementar à frente do Programa. O Desembargador afirmou que pretende dar continuidade ao trabalho do antecessor, com foco na prevenção. Para isso, pretende ampliar as parcerias do Programa (são mais de 80 atualmente) e incentivar os municípios a editarem leis que estimulem a segurança do trabalho, a exemplo do que acontece em Itajaí e no âmbito estadual. Nesses dois ca-sos, por ação direta de magistrados do trabalho, as leis determinam que os editais de licitação envolvendo contratação de mão de obra devem conter cláusula prevendo capacitação em saúde e segurança do trabalho para os funcionários terceirizados.

Na avaliação de Guglielmetto, a principal dificuldade enfrentada pelo Programa se deve ao entendimento de muitos magistrados de que, pela Constituição Federal, não é de atribuição do Poder Judiciário intervir fora do âmbito processual.

“Acredito que o Tribunal Superior do Trabalho passou a adotar essa postura, com a criação do Programa, muito em razão da ampliação da competência da Justiça do Trabalho, para permitir que agíssemos não apenas nas consequências do problema, mas também nas causas”, afirmou o novo gestor.

O Procurador do Trabalho Guilherme Kirtschig, representante suplente da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho (CODEMAT) na PRT12, falou aos participantes do encontro que a principal missão da Coordenadoria é justamente conjugar esforços para harmonizar as ações desenvolvidas pelo Ministério Público do Trabalho na defesa do meio ambiente laboral. Salientou, no entanto, que o reduzido número de médicos, engenheiros e técnicos do trabalho no quadro da Instituição é um fator agravante para a atuação do MPT. “ Temos várias frentes de trabalho como nos frigoríficos, portos e construção civil, por exemplo, que além do nosso olhar jurídico, exigem estudos e pareceres técnicos e científicos de profissionais especializados para a condução correta de uma investigação que determinará as medidas necessárias à saúde e ao bem-estar dos trabalhadores. Para suprir a falta desses profissionais recorremos às entidades parceiras”.

O Procurador ressaltou que a contrapartida dessas parcerias se dá por meio da destinação de verbas oriundas de acordos em ações civis ou termos de ajuste de conduta, para equipar e fomentar entidades como Fundacentro, Cerests, universidades, entre outras já beneficiadas com os recursos do MPT/SC.  

Daniel Bittencourt, Chefe da Equipe Técnica do Centro Estadual da FUNDACENTRO mostrou alguns dos projetos relacionados  à saúde do trabalhador que estão sendo desenvolvidos com as verbas destinadas pelo MPT e por outras Instituições. Entre eles, o projeto de dimensionamento de sistemas de guarda-corpo e roda-pé e uma pesquisa das tendências sindicais frente a gestão por metas no setor bancário. Daniel também enfatizou a carência de profissionais para fazer um bom trabalho e reclamou da estrutura física do prédio da Fundacentro, que nem de acesso aos deficientes físicos dispõe.

A falta de estatísticas sobre adoecimentos, doenças e mortes decorrentes do trabalho, junto com o déficit financeiro e de pessoal, também foi apontada como um dos grandes problemas para a atuação de todas as entidades que integram o FSST.

José Álvaro Cardoso do DIESSE informou que a Instituição foi demandada pelo Movimento Sindical a entrar na temática da saúde do trabalhador para gerar informa-ções e subsídios que darão referência para o enfrentamento dos problemas a serem atacados.

Representando o CEREST Estadual , Maurício Silva explicou como é possível obter números de acidentes, tabulando os dados disponíveis no SINAN – Sistema Nacional de Agravos e de Notificação. Para ele, as maiores dificuldades estão no reduzido número de profissionais de epidemiologia com especialização em saúde do trabalhador, o excesso de campos a serem preenchidos na ficha de investigação e a pouca divulgação de relatórios de análise.

A última apresentação foi da Médica do Trabalho Edna Maria Niero,  responsável pelo recém criado ambulatório de saúde do trabalhador junto ao Hospital Universitário, na UFSC, em Florianópolis. O ambulatório faz o acolhimento do trabalhador pela rede de saúde do município com a proposta de uma atenção integral ao paciente que vai desde a realização de exames de alto custo até o registro das notificações junto ao SINAN.
 
Ao final do encontro foram feitas considerações e encaminhamentos que poderão auxiliar no planejamento das ações do FSST ao longo deste ano.

Procurador do Trabalho Guilherme Kirtschig fala da CODEMAT
Procurador do Trabalho Guilherme Kirtschig fala da CODEMAT
         
Primeiro compromisso do Desembargador Roberto Luiz Guglielmetto como gestor do PTS
Primeiro compromisso do Desembargador Roberto Luiz Guglielmetto como gestor do PTS

 

Entidades públicas e privadas discutem ações do FSST
Entidades públicas e privadas discutem ações do FSST

 


Fonte: Assessoria de Comunicação Social MPT-SC

(48) 32519913 / (48) 88038833

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Publicado em 08/04/2016

 

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